sábado, 8 de outubro de 2011

Veganismo e os direitos da Terra

O Veganismo é ecológico por natureza, pois “quem não come carne bovina, não compactua com a destruição de florestas para abertura de pastos. Quem não come peixe, ajuda a proteger a vida nos mares e mangues. Quem não come aves e suínos colabora para manter limpos os lençóis freáticos”. Além disso, a “dieta vegetariana vem de mãos dadas com a não-violência, a rejeição do especismo, o reconhecimento dos Direitos da Terra e um pensamento onde o “penso, logo existo” não dá direito a tratar todos os demais seres viventes como “coisas””¹. Mas infelizmente, não existe um ser humano completamente vegano. A nossa sociedade ainda está muito contaminada por uma cultura especista. Ainda não é tão simples nos abstermos totalmente de todos os produtos que tenham constituintes de origem animal. Não falarei sobre a fabricação do computador por onde escrevo. Mas gostaria de deixar algumas palavras do filósofo Tom Regan que demonstram bem a complexidade do assunto:
“Veja o algodão, por exemplo. Não se trata de um direito sem implicações morais para os animais. O algodão tem uma das safras produzidas com o uso mais intenso de produtos químicos do mundo. Herbicidas. Nematocidas. Fungicidas. Tudo quanto é tipo de cidas (cida traduz a idéia de exterminador, assassino) é aplicado ao algodão. Quando vem as chuvas (e elas vem mesmo), os cidas são levados na água para os rios e córregos vizinhos, matando peixes e outros animais. Antes, porém, muitos animais que vivem na terra são mortos quando lavradores mecanizados preparam o solo para o plantio. O resultado? Toda vez que compramos alguma coisa feita de algodão, estamos levando, para casa, roupas manchadas com sangue de animais.
Quanto aos sapatos e cintos feitos de couro falso: são subprodutos da indústria petroquímica. Isso significa derramamento de óleo, o que por sua vez significa números incontáveis de animais feridos e mortos. Toda vez que calçamos um par de sapatos de couro falso, nós temos o sangue de animais em nossos pés”.²
Essa informação é sempre boa para colocar alguns veganos com síndrome de superioridade em seu devido lugar: no nível da igualdade. Considerações a parte, vou voltar ao que me interessa.

Minha grande preocupação é a propaganda que se faz em relação ao caráter ecológico do veganismo, sem o cuidado de conferir se estão mesmo reconhecendo todos os direitos da terra. Esse reconhecimento está longe de se limitar à alimentação. E mesmo se fossemos analisar somente esse tópico, perceberíamos que o consumo de industrializados ainda persiste, enquanto o de orgânicos nem sempre é uma prioridade. As monoculturas estão longe de serem ambientes pacíficos, e cheios de respeito a terra. Os impactos que causam ultrapassam a destruição dos seres existentes na terra, e do próprio solo. Elas interferem negativamente na vida de muitas pessoas, tanto na vida dos seus funcionários que convivem com veneno (agrotóxico), ou na vida de todos os pequenos agricultores que perdem seus empregos, quanto na vida de todos os brasileiros que consomem todos os dias vegetais temperados de veneno. A lista de horrores ligados ao não-consumo de orgânicos não para por aí. Mas a deixarei para outro momento, quando também explicarei todas as outras práticas agressivas ao mundo em que vivemos. Mas Imagino que aquele que compreende a ética vegana, aquele que preza pelo respeito e cuidado de todos os seres vivos na terra, há de concordar que precisamos estudar um pouco mais o que realmente fazemos com o planeta. E não só isso: é necessário buscar outras formas de relação com a terra.





















¹ RIBEIRO, Raquel. Um copo vazio. Disponível em: <
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=29528> Acesso em: 30/09/2011

² REGAN, Tom. Jaulas vazias: encarando o desafio dos direitos animais. Lugano. 266p.

Vídeos recomendados:

O veneno está na mesa
http://www.youtube.com/watch?v=WYUn7Q5cpJ8

Uma vida interligada
http://www.youtube.com/watch?v=eSWh9RLWpcg

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