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Bill Mollison resumiu essa ética em 3 valores (imagem 2): cuidar da terra, cuidar das pessoas, e partilha justa (limites ao consumo).
- Cuidar da Terra
“O ícone da planta jovem representa o crescimento orgânico, um ingrediente-chave na manutenção da vida na Terra. Cuidar da Terra pode ser entendida como cuidar do solo vivo. O estado do solo é freqüentemente a melhor medida para a saúde e o bem-estar da sociedade. Há muitas técnicas diferentes para se cuidar do solo, mas o melhor método para saber se o solo está saudável é ver quanta vida existe lá. Nossa florestas e rios são os pulmões e veias do nosso planeta, que ajudam a Terra a viver e respirar, proporcionando diversas formas de vida. Todas as formas de vida têm o seu próprio valor intrínseco, e precisam ser respeitados pelas funções que elas executam - mesmo se não as vemos tão úteis às nossas necessidades”². Em outras palavras, esse princípio presume a manutenção dos ecossistemas, e o respeito por todo e qualquer elemento terrestre.
- Cuidar das Pessoas
“O ícone das duas pessoas juntas representa a necessidade de companheirismo e trabalho colaborativo para proporcionar mudanças. O cuidado com as pessoas começa com nós mesmos, mas se expande para incluir as nossas famílias, vizinhos e comunidades locais e mais amplas”². Esse princípio está intimamente ligado com o primeiro, uma vez que temos que cuidar da terra para cuidarmos de nós mesmo, e assim cuidarmos dos outros. O “outro” é encarado positivamente, sendo uma potencial solução e não um problema. Dessa forma, todos os animais humanos merecem respeito, saúde, alimentação, abrigo, educação, e trabalho.
-Partilha Justa
“O ícone da torta e uma fatia dela representa a tomada do que precisamos e a partilha do que nós não necessitamos, reconhecendo que há limites para o quanto podemos dar e o quanto podemos tomar”². Temos que olhar para o atual padrão de vida, para o consumismo desenfreado, para as espécies que estamos aniquilando, e perceber que desse jeito e nessa velocidade não há um futuro próspero para a humanidade. A sociedade pode mudar esse cenário. Mas, como disse Bill Mollison, “isso requer repensar os valores, um replanejamento dos nossos hábitos e uma redefinição dos conceitos de qualidade de vida”³.
Com os princípios esclarecidos, partimos para o estudo do funcionamento dos sistemas permaculturais.
Uma das mais importantes características dos sistemas de permacultura é que nenhum deles é igual. Se olharmos para duas casas de permacultura numa mesma cidade, com duas famílias muito parecidas (educação, religião, entre outras coisas), perceberemos que as diferenças são mais que notáveis. Cada caso é realizado segundo suas próprias e únicas condições, sejam elas culturais ou territoriais. Mas existem sempre algumas semelhanças fundamentais:
- Respeito pela natureza: expresso ao cuidá-la, estudá-la, e preservá-la.
- Reciclagem da energia do sistema: inclusive a humana.
- Problemas são encarados como solução: a comida não gera lixo, e sim matéria prima para produzir adubo para a horta.
- Todos os elementos estão conectados para que exista apoio mútuo: a casa disponibiliza materiais para produção artística (lixo). Os produtos podem retornar para a casa ou serem trocados (vendidos) por comida. Esse alimento proporciona energia para a produção. E assim por diante.
- Toda função é suportada por pelo menos dois elementos: tem água do rio, da chuva, ou de um poço, por exemplo.
- Todo elemento tem mais de uma função: a bananeira digere materiais e protege o solo, as suas folhas podem servir de adubo, e seus frutos são alimento.
Sem dúvida há mais algumas características comuns dos sistemas permaculturais para relatar. Mas acabei de tocar em um item que exige mais atenção.
Quando estava fazendo a formação em permacultura (PDC- Curso de Design em Permacultura) vivenciei uma situação no mínimo curiosa. No momento em que aprendíamos sobre o último ícone da lista, o elemento usado como exemplo foi a galinha. Suas funções estavam sendo listadas. Ao ciscar ela limpa o chão. Ao andar ela areja a terra. Ao defecar ela serve para produzir matéria orgânica. E ela produz alimento através da sua carne e de seus ovos. Muito perturbada com a situação, arrisquei dizer: “ela também SERVE como companhia”. Depois das risadas, todos concordaram comigo. Afinal, os permacultores respeitam a todos.
Como podemos ter uma ética que respeita a natureza (incluindo todas as espécies de animais), se ao executá-la não respeitamos o direito de um animal viver para não nos servir?- Respeito pela natureza: expresso ao cuidá-la, estudá-la, e preservá-la.
- Reciclagem da energia do sistema: inclusive a humana.
- Problemas são encarados como solução: a comida não gera lixo, e sim matéria prima para produzir adubo para a horta.
- Todos os elementos estão conectados para que exista apoio mútuo: a casa disponibiliza materiais para produção artística (lixo). Os produtos podem retornar para a casa ou serem trocados (vendidos) por comida. Esse alimento proporciona energia para a produção. E assim por diante.
- Toda função é suportada por pelo menos dois elementos: tem água do rio, da chuva, ou de um poço, por exemplo.
- Todo elemento tem mais de uma função: a bananeira digere materiais e protege o solo, as suas folhas podem servir de adubo, e seus frutos são alimento.
Sem dúvida há mais algumas características comuns dos sistemas permaculturais para relatar. Mas acabei de tocar em um item que exige mais atenção.
Quando estava fazendo a formação em permacultura (PDC- Curso de Design em Permacultura) vivenciei uma situação no mínimo curiosa. No momento em que aprendíamos sobre o último ícone da lista, o elemento usado como exemplo foi a galinha. Suas funções estavam sendo listadas. Ao ciscar ela limpa o chão. Ao andar ela areja a terra. Ao defecar ela serve para produzir matéria orgânica. E ela produz alimento através da sua carne e de seus ovos. Muito perturbada com a situação, arrisquei dizer: “ela também SERVE como companhia”. Depois das risadas, todos concordaram comigo. Afinal, os permacultores respeitam a todos.
Poderiam me dizer que se levássemos essa minha idéia a fundo, a solução seria o isolamento do animal humano. Afinal, quando a galinha está cagando e andando ela já está nos servindo de alguma coisa.
Não tenho dúvida que ela realmente trás benefícios ao fazer isso. Mas acontece que ela não foi parar naquele lugar ao acaso. Pelo menos não é assim que vejo acontecer. Não prego pelo isolamento dos homens. Desejo uma convivência pacífica entre toda a natureza, uma relação de igualdade entre todos os terrestres.
O que digo não é inviável. E para minha felicidade, essa idéia “maluca” de entender que todas as formas de vida têm o seu próprio valor intrínseco é justamente o que a ética da permacultura estabelece.
¹ HOLMGREN, David. Permacultura Um: um sistema de agricultura perene para assentamentos humanos. Tagari Publications. 130p.
² Disponível em: <http://permacultureprinciples.com> Acesso em: 30/09/2011
³ MOLLISON, Bill. Permaculture: a designers´ manual. Tagari Publications. 576p.