quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Interferindo na natureza – parte I


Gostaria de retornar àquela história sobre o uso da galinha em sistemas permaculturais para tratar de um tema maior (e de extrema relevância para veganos e para permacultores): a interferência na natureza.

A maioria das pessoas tem o hábito de nomear toda a flora e fauna (exceção aos animais humanos) de natureza sem questionar a razão dessa curiosa distinção. A repetição não pensada dessa palavra acelera negativamente o processo de distinção entre homem-animais e homem-plantas. Em outras palavras, excluir o homem da adorada natureza permite colocá-lo num patamar diferenciado, onde os direitos e deveres são especiais. Essa classificação sustenta o especismo e todas as atividades agressivas que a sociedade pratica no planeta.
Não estou pregando que o ser humano é igual a uma nascente. Muito menos o oposto. Apenas quero lembrar que todos compartilhamos um único planeta, que todos fazemos parte do mesmo saco de areia. O homem também é natureza. Podemos tentar ser diferentes, negando a beleza que a “genética” nos deu, dominando o espaço dos outros, e até exterminando todo o resto. Teremos êxito na destruição dos ecossistemas, mas jamais alcançaremos a superioridade. Destruir a natureza é acabar com nossos vizinhos, com nossas casas, e com nós mesmos.

Quando compreendemos essas questões e procuramos habitar esse planeta de uma forma justa e respeitosa, encontramos nossa maior dificuldade: o relacionamento. O ser humano ainda não aprendeu a ter uma interação positiva com o restante da natureza.  Na verdade, ainda não conseguimos conviver entre nós mesmos com o devido respeito. Isso não é nenhuma novidade para ninguém. Em toda a história, os piores males para todas as sociedades foram as próprias sociedades.

Ao aprendermos sobre a permacultura, somos levados a uma séria reflexão sobre o tema. Os permacultores sugerem diversas soluções para evitar e solucionar conflitos. Eles propõem outras formas de interação entre humanos (muitas vezes são costumes antigos e perdidos). Sempre vivenciamos alguns desses costumes durante os cursos (seja nas atípicas perguntas que ouvimos quando desejam saber quem somos, ou no simples e milenar gesto de dar a mão). Ainda assim, entre tanto ensinamento e dedicação, as principais pragas que destroem as comunidades de permacultura são os conflitos interpessoais.
Esse resultado é muito perturbador para todos aqueles que confiaram nas ecovilas como o futuro da humanidade. Mas a boa notícia é que a permacultura está aberta a novas respostas para solucionar os conflitos. Por essência, ela quer encontrar o caminho que leve a uma interação positiva entre toda a natureza.

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