quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Como tudo começou...



Há 5 anos atrás esbarrei com um vídeo amador gravado em uma favela. Ele mostrava a aplicação e resultado de um sistema integrado que ao tratar o esgoto de alguns “barracos” produzia biogás para as famílias carentes. E assim tive o primeiro contato com uma das coisas mais interessantes que conheci nessa vida.
Na época, eu não sabia nada sobre a origem, o nome, e sobre a complexidade do tema. Mas tinha a certeza que o que via era uma fantástica descoberta, e uma potencial solução para alguns problemas da caótica São Paulo.

1 ano após o episódio eu tive a honra de conhecer o meu mais excêntrico professor de física. Um judeu com uma mente inquieta e com muito conhecimento. Sua mente era imaginativa, e seu coração esbanjava bondade. Ao seu lado, descobri a “arquitetura inteligente”: construções que economizam, reaproveitam e criam os próprios recursos (edifícios independentes). Devido as nossas conversas, senti a certeza da profissão que desejava seguir.

No final desse ano, também vivenciei uma crucial conversa para a minha vida. Em uma noite qualquer, jantando com um amigo que compartilhava o gosto por polêmicas, o acaso nos introduziu ao universo da alimentação vegetariana. Como de costume, escolhemos lados opostos para dar início ao debate. Eu, inexplicável simpatizante, optei pela defesa. O diálogo se desenvolveu até beirar o absurdo. E assim, reconhecemos que nossas palavras agiam como facas cegas, que insistíamos numa discussão em que nenhuma das partes entendia do assunto. Dessa forma, acordamos de pesquisar sobre o tema antes de dar continuidade ao hobbie. Inquieta, fui atrás de informações na mesma noite. Almejando a irreal vitória, pesquisei sobre os dois lados da moeda. Queria ter boas respostas para todas as abordagens possíveis. E foi no meio dessa incansável busca que me dei conta que o que descobria ia muito além daquela brincadeira. A veracidade e a força do que aprendia me atingiam profundamente. Sem querer, eu havia plantado uma semente em meu próprio corpo. E após 1 mês (10 de Janeiro de 2008), me encantei com uma vigorosa e estabelecida consciência.

Iniciei o ano bem, e, sem grandes esforços, o primeiro semestre de 2008 foi marcado como uma época de muito estudo e pesquisa sobre nutrição, culinária, direitos animais, e arquitetura sustentável. Em pouco tempo, compreendi a ética vegana o suficiente para tentar mudar alguns outros hábitos. Pela primeira vez na minha vida, agradeci por ter nascido com uma séria alergia a leite. E então, o dia 10 de Junho de 2008 foi registrado como o início da minha vida vegana.
Nesse ano de novidades e ansiedades, também iniciei um curso técnico em meio ambiente (além do colegial e cursinho). Mas acabei desistindo em poucos meses (por uma razão bem difícil de deduzir). O tempo que estive lá foi ótimo para me inspirar muito na minha pesquisa por formas sustentáveis de viver. E também foi o suficiente para eu enfim conhecer um permacultor. Uma vez apresentada a permacultura, nunca mais consegui esquecê-la.
Durante algum tempo (mais do que eu gostaria), meu estudo sobre a “cultura permanente” se limitava à internet. Mas depois, com bastante teoria acumulada e guardada, me lancei às vivências permaculturais.

Em 2010, durante um voluntariado em uma casa de permacultura, ouvi uma frase que nunca pude esquecer: “Essa coisa de veganismo só é possível na cidade”. A opinião da pessoa era que o veganismo era uma espécie de febre urbana, que só faz sentido para quem vive num local “sem animais e sem natureza”. Isso me causou um grande impacto. Mas para minha surpresa, a afirmação não vinha somente desse lado. Acho que eu não saberia dizer a quantidade de vezes que ouvi a seguinte frase: “a permacultura só é viável pro campo”. Esse argumento é sustentando por diferentes profissinais, amigos ou conhecidos. Mas se tem uma coisa em comum é a razão da afirmação: a permacultura não faz sentido para quem vive na cidade.
Bom, esse assunto me levou a longas reflexões. Eu discordo de ambas afirmações. Mais que isso: eu enxergo uma profunda conexão entre os temas. E esse é o ponto em que tentarei chegar nesse blog.

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